2025 traz obstáculos e pressiona gestão das empresas

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O ano começou marcado por dúvidas e vários impasses. O contexto atual impôs às empresas a necessidade urgente de adaptação e inovação para que possam permanecer competitivas e sustentáveis. A instabilidade econômica, resultante de uma taxa Selic persistentemente elevada e de um quadro fiscal fragilizado, figura como um dos principais entraves ao crescimento dos negócios. Juros altos limitam o acesso ao crédito e inibem investimentos, enquanto o recente episódio envolvendo o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) agravou ainda mais a previsibilidade de aumento da carga tributária.

Além disso, a tradicional burocracia brasileira permanece como um problema relevante ao empreendedorismo. O excesso de regulamentações não só desestimula a criação de novas empresas como também incentiva a informalidade, fragilizando o tecido empresarial nacional. Essa mesma informalidade, por sua vez, compromete as contas da Previdência, gerando um impacto fiscal negativo.

Outro fator que pressiona o ambiente corporativo é a revolução tecnológica, que vem transformando profundamente diversos setores. A Inteligência Artificial (IA) generativa, em particular, está promovendo ganhos substanciais de eficiência e redução de custos em áreas como a Jurídica, a de Vendas e a de Compliance. No entanto, muitas organizações ainda resistem na adoção dessas inovações, seja pelo receio de elevados custos de implementação, seja pela falta de capacitação para integrar essas tecnologias aos seus processos.

E como se tudo isso não bastasse, o comércio internacional também acrescenta um componente adicional de incerteza. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) já projeta uma desaceleração para o Brasil neste ano, reflexo da instabilidade mundial e da demanda abaixo do esperado na Europa e na China. Paralelamente, além da valorização do dólar, especula-se a respeito de possíveis tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos — medidas que, se confirmadas, poderão comprometer ainda mais a competitividade dos negócios nacionais. 

No âmbito das estatais, o panorama tampouco é animador. Em 2025, essas empresas acumularam perdas bilionárias, ultrapassando R$ 4,4 bilhões, o que tende a pressionar ainda mais o orçamento público e limitar investimentos estratégicos. Esse déficit reflete, além de falhas administrativas, a complexidade da situação econômica, com impactos diretos ao ambiente de negócios e apetite do setor privado por novos investimentos. A deterioração fiscal, por sua vez, impõe juros elevados como forma de conter a inflação, restringindo ainda mais o crescimento. 

É evidente que esse cenário exige mudanças profundas na gestão empresarial e mais ousadia por parte dos empresários. No entanto, grande parte das incertezas decorre da ausência de uma política econômica com rumos claros e de um plano consistente de expansão de longo prazo. A consolidação das contas públicas, o compromisso de não elevar ainda mais a carga tributária e a implementação de um programa forte de desburocratização são ações imprescindíveis para viabilizar um ambiente mais propício ao desenvolvimento dos negócios. 

O Brasil continua se mostrando um país de enorme potencial — mas, para alcançar um desenvolvimento sustentável, precisa, antes, superar entraves estruturais históricos. O tempo urge, estamos atrasados.


Fonte: Contábeis