Alugar ou comprar um ponto físico: 8 dicas para considerar antes de se decidir

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Você começou um negócio em casa, trabalhou duro e, de repente, percebe que precisa de mais espaço, inclusive para crescer. Daí vem a dúvida: o que vale mais a pena, alugar ou comprar um ponto físico? Como escolher entre essas alternativas?

Para Enio Pinto, gerente de relacionamento do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), no caso dos pequenos negócios que atuam de modo virtual com operação no espaço do próprio empreendedor, a decisão de criar uma loja física é um passo importante que precisa ser avaliado com calma e a partir de um bom planejamento.

“A primeira medida é considerar se o negócio virtual ou a ‘operação doméstica’ já atingiu seu limite de crescimento, com o volume de pedidos excedendo a capacidade de armazenamento, produção ou logística do espaço atual. Esse sinal é decisivo para considerar a necessidade de expansão”, afirma Pinto. A demanda de clientes por contato físico, a possibilidade de visualizar e experimentar produtos, a retirada imediata das compras ou atendimento mais personalizado também são necessidades que o empreendedor deve identificar.

Na opinião de Paulo Casanova, professor de empreendedorismo e gestão da Trevisan Escola de Negócios, na decisão de partir para um ponto físico deve pesar, ainda, fatores como estabilidade financeira do negócio, fluxo de caixa e capacidade de arcar com os investimentos sem comprometer as operações do dia a dia. “Antes de decidir entre alugar ou comprar um ponto físico, é preciso observar tudo isso e também como estão os planos de longo prazo”, diz.

Visualizar a saúde do negócio e se o empresário tem uma boa margem para arcar com as despesas com aluguel ou parcela de um imóvel é fundamental. “Uma margem saudável gira em torno de 5% a 10% do faturamento bruto. Porém, esse valor varia de acordo com o setor e o modelo de negócio. Essa faixa permite cobrir outras despesas e não comprometer a lucratividade. Valores acima de 15% podem ameaçar a continuidade da empresa”, Casanova.

Depois de levar tudo isso em conta, vale estudar e refletir, no seu caso, qual é a alternativa mais adequada. A seguir, veja algumas dicas para ajudar você a decidir.

O que considerar antes de se decidir por ALUGAR um ponto físico
Espaço: Um dos principais aspectos é avaliar se ele é adequado às necessidades operacionais específicas do negócio, ou seja, se o imóvel oferece a infraestrutura necessária, como suporte para alta voltagem, no caso de haver máquinas robustas. Ou se o proprietário é flexível para permitir adaptações estruturais e reformas antes da formalização do aluguel.
Localização estratégica: É preciso que o imóvel esteja próximo aos clientes-alvo. “Um ponto em área residencial para uma oficina mecânica ou de fácil acesso via transporte público, facilitando a vida de consumidores e funcionários, por exemplo, é o ideal”, afirma Enio Pinto, do Sebrae. O acesso também deve ser facilitado para carros, como disponibilidade de estacionamento e ruas com tráfego que flui. “Uma região com boa infraestrutura urbana e segurança, sem histórico de problemas como alagamentos, com serviços básicos confiáveis, como luz, água, telefonia, internet e coleta de lixo também oferece um ambiente estável e propício ao desenvolvimento do negócio”, acrescenta o especialista.
Orçamento: Para Paulo Casanova, da Trevisan Escola de Negócios, antes de alugar um imóvel é essencial olhar para as finanças. “Baixo investimento inicial, custos mensais previsíveis e não comprometimento do fluxo de caixa são fatores que o empreendedor deve observar”, diz.
Viabilidade a longo prazo: O professor ressalta também que alugar, em vez de comprar, traz alguns pontos importantes. “Pagar aluguel não constitui patrimônio; os reajustes são anuais e o locador fica refém do locatário tanto para reformas e alterações no espaço quanto para manter o ponto”, lembra Casanova.

O que considerar antes de se decidir por COMPRAR um ponto físico

  • Estrutura: Valem os mesmos princípios a respeito de imóvel e localização do aluguel. “Definição dos objetivos do negócio, estudo de mercado, análise da estrutura urbana, identificação de oportunidades no entorno e a segurança na transação são outros tópicos para avaliar”, destaca Pinto. No entanto, de acordo com o especialista do Sebrae, a decisão de comprar um imóvel traz novas considerações. Entre os pontos positivos está a aquisição de um ativo para o negócio: “O imóvel pode se valorizar com o tempo, o que gera patrimônio e garantia para futuras linhas de crédito”, diz. “Traz potencial para ter uma renda futura pela possibilidade de revenda ou locação”, complementa Casanova. O outro lado da moeda é ele ficar exposto aos riscos do mercado, como a desvalorização e deterioração da região.
  • Planejamento: Um imóvel próprio oferece estabilidade e previsibilidade de custos a longo prazo, eliminando o risco de reajustes anuais de aluguel ou a não renovação do contrato com o proprietário.
  • Investimento: O alto investimento é algo a considerar. Custos com a compra em si, seja da entrada ou do aporte total, além de valores destinados à transação, como impostos e taxas com cartório, com reformas e adequações a leis específicas para o ramo do negócio costumam ser relevantes.
  • Manutenção: É bom lembrar que passa a ser responsabilidade do proprietário do ponto físico a manutenção do imóvel, reparos e benfeitorias estruturais, e isso pode gerar custos adicionais e imprevistos.

Independentemente de a escolha ser por alugar ou comprar um ponto físico, é muito importante encontrar corretores e imobiliárias confiáveis para ajudar nos processos tanto de encontrar o imóvel quanto em relação às questões burocráticas. Os profissionais também podem auxiliar o empreendedor sobre os tópicos sensíveis, como pendências com débitos de contas de água, luz, condomínio e impostos, entre outros, além de observar infraestrutura e parte elétrica e hidráulica. Se houver necessidade de melhorias mais consistentes, é bom que sejam feitas antes do fechamento do contrato.

Alugar ou comprar deve caber no bolso e nos planos de cada empreendedor e isso depende de uma série de fatores. No entanto, Paulo Casanova afirma que “entre empresários e investidores, no momento, há uma preferência pelo aluguel de imóveis por causa da flexibilidade e do cenário de juros altos. Com a incerteza do futuro da economia, eles têm adiado a compra de patrimônio a longo prazo”.


Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios